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Ao sul mais ao Sul de todas as histórias já contadas

Os Sóis da América é uma saga em quatro livros que conta a história de Pelume, um menino que vive ao sul de todos os povos. Buscando uma história mítica de grande importância para a sua gente, Pelume embarca em uma jornada do extremo Sul ao extremo Norte do continente, numa aventura cheia de emoção e magia que vai mexer com a sua maneira de ver o continente americano.

sábado, 7 de setembro de 2013

Os Sóis da América - A primeira visita

Durante a minha visita à Escola Estadual Leopoldo Tietböhl, na semana passada, estive conversando com duas turmas muito especiais, leitores cujos olhos brilhavam de alegria e curiosidade. Foi a primeira turma de escola com quem conversei sobre a saga de Pelume e seus amigos, e a primeira vez que tive o prazer de conversar ao vivo (porque através da Internet já conversei com muita gente sobre os livros) com leitores de O Nalladigua. As perguntas foram muitas e o dia foi muito divertido e animado. Muito obrigada, Escola Tietböhl por ter comprado essa ideia. E um "muito obrigada" especialíssimo à professora Júlia, que escolheu o livro para ler e trabalhar com os alunos. Eu não fazia ideia de tudo o que se pode fazer com essa história.

Aí embaixo você pode conferir os trabalhos dos alunos. Mas é uma pequena parte, porque o resultado total da leitura não é possível colocar aqui. É impossível colocar o brilho dos olhos, as risadas (lembram, amigos, quando estivemos conversando sobre como se diz "Popocatepetl"? Foi muito divertido!), a emoção, o interesse, a tensão da voz de quem está louco para saber o que vai acontecer com o menino das histórias. Preparem seus corações, leitores.

No final, depois de todas as imagens, um presente especial para os alunos da professora Júlia (e para os leitores do blog): como o prometido, aqui está a primeira história de Os Sóis da América, publicada na Popinha nº 176, de 02 e 03 de maio de 1992 e ilustrado por Ariadne Decker. A saga, mesmo, eu só fui escrever dez anos mais tarde, mas a semente de tudo está nestes 2.100 caracteres. E até agora eu não tinha visto que, realmente, tudo está ali.

Abraços apertados, meus amigos. E segurem com firmeza a minha mão: eu sofro de uma certa vertigem toda vez que penso no abismo da cachoeira mais alta do mundo!

Os personagens de O Nalladigua

Ao sul, mais ao sul de todas as histórias conhecidas,
às vezes se vê passar uma placa de gelo grosso, povoada de pinguins!

Muitos trabalhos, cheios de coloridos e ciratividade

Também teve espaço para histórias em quadrinhos

Nos desenhos, vários "nalladiguas"

As ilustrações de Fabiana Boff também fizeram sucesso

O Nalladigua de Pelume

Destelho 
Histórias paralelas à história

A professora Júlia e eu

Hora do bate papo

Todo mundo curioso para ver A Flauta Condor

Hora dos autógrafos. A pilha, à esquerda, foi autografada
depois do encontro para que a gente tivesse bastante tempo para conversar.


OS SÓIS DA AMÉRICA

   Dentro do salão escuro, Aré sabe: ainda é muito pequeno para conhecer sua terra. Para isso, lhe disseram, precisa encontrar um nome para ela. Até lá, terá de viver no escuro, sem saber nem como é seu próprio rosto! Mais que tudo, Aré deseja sair e ver o mundo. E encontrar a sua própria cara. Assim, cansado de desejar, adormece e sonha.
   Primeiro sonha que é um papagaio sobre a Amazônia. Ele voa bem pertinho do sol, que parec e um grande e bravo guerreiro. Aré tira um pedaço do arco dele, e foge assustado.
   Depois, ele é um condor nas montanhas dos Andes. Aré chega perto do sol e percebe que ele parece um menino sorridente. Aré tira um cabelo brilhante dele e o sol grita. O grito ecoa feito um vento nas montanhas brancas.
   Noutro sonho, Aré virou uma arara. O menino voa sobre o Golfo do México. O sol é uma serpente com plumas douradas. Quando o menino pega uma pluma, a serpente chora. Suas lágrimas viram chuva sobre o oceano.
   O sonho de Aré foge para as campinas do norte. Lá ele é uma águia, e o sol um búfalo correndo no céu. Aré pega um pelo dele e voa para o Ártico, onde o sol é um coração de luz e calor. Quandoo menino pega um gota de sol, acorda.
   Então Aré vê diante dele, os pedaços de sol com os quais sonhou. Os pedaços começam a girar e flutuar diante dele, como mágica. Assustado, o menino tenta fugir, mas o pequeno sol mergulha em seu peito, bem no coração.
   De repete, o salão escuro se desfaz e Aré pode ver o mundo onde vive. Alegre, ele corre nas campinas, nas matas, nas praias. E, finalmente, se debruça sobre um lago. Mas não vê seu reflexo! Aré quase grita de susto. Depois, sossega: para ver a si mesmo, só precisa dar um nome à terra onde vive. E esse, seu coração aprendeu com os sóis do seu sonho. Aré sorri para as montanhas, para as cidades, para o mar e murmura para o continente:
   - América!

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